terça-feira, 22 de setembro de 2009

Yin Yang - Enne Ferreira




YIN YANG

A negrura de minh’alma

Contrasta com a palidez da tua,

Que, de tão pura, me acalma

E aplaca a dor mais crua

Que se alojar em meu peito;

Mas que não mais me dá o direito

De querer me apossar dela;

Ainda que eu lhes desse tons de aquarela,

Seria apenas tua, ela

E com a mesma lividez de uma vela.

Que, pálida, adentra-me com jeito,

Alumiando qualquer defeito,

Sem, contudo, deixar de ser bela...


A brancura de tu’alma

Contrasta com a escuridão da minha,

Que, de tão suja, te alarma

E sabe que fenecerá sozinha

Quando chegar o momento;

Mas há de cumprir o seu intento,

De com a tua se aglutinar;

Ainda que tu possas relutar,

Seria apenas o arfar

De nossos corpos a se tocar.

Que, escura, serve-te de alento,

Trazendo qualquer tormento,

Sem, contudo, deixar de amar...


Enne Ferreira.

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